domingo, 24 de julho de 2016

Livre dos três volantes para engrenar

Observado por Gum (à esq.) e Douglas, Cícero domina a bola em treino: dois volantes com bom passe.
Foto: Fluminense F.C.



Após uma atuação convincente contra o Cruzeiro na estreia de Edson Passos, domingo passado, o Fluminense volta à campo visitando o Atlético-PR, em Curitiba, repetindo a escalação ofensiva e com mais qualidade no meio-campo.

O meio-campo é o principal setor de um time. Se você tiver um meio com jogadores de qualidade, unindo com equilíbrio passe vertical, bote e criação, seu time vai fluir, caso contrário, trava. 

O Fluminense vinha sendo travado por seu meio, especialmente, porque adiantava um lento e sem característica de armador, Cícero, sobrando Pierre, que não sabe passar nem criar, para a saída de bola, que previsível, buscava os laterais que ficavam encarregados do último passe, o mais difícil do jogo.

Com o liso e driblador Maranhão aberto pela direita, fazendo a função do Scarpa, e Samuel (invertendo com Richarlison e Marcos Jr) aberto pela esquerda, Levir, embora eu não goste de ver uma segunda linha de quatro com o atacante de velocidade vindo marcar na lateral defensiva, ao menos acabou com o equivocado três volantes, escolhendo jogadores mais ofensivos.

Para repetir  a boa atuação e conquistar a necessária segunda vitória seguida após vários empates, esse meio-campo ofensivo é fundamental para agredir o adversário em sua casa, pressionado por sua torcida após dois tropeços, o último pela Copa do Brasil.

É hora de engrenar, aproveitando que já estamos livres dos três volantes. Estamos em 11º lugar, à quatro pontos do Z4. Sim, Fluzão, é hora de engrenar! "Eu acredito!"


::Toques Rápidos::

- Pequeno registro da FluFest que contou com a Blitz do tricolor, Evandro Mesquita, celebrando nossos 114 anos. O que foi mais bacana saber, diz respeito a bonita homenagem aos principais trabalhos on-line feitos por jornalistas torcedores sobre o Fluzão.

No livro, "Fluminense Somos Todos Nós", mais um gol de placa de Daniel Cohen e Heitor D'Alincourt , se pôde sentir a verdadeira áurea democrática e fidalga do verde, branco e grená na lembrança de mencionar sites como O Tricolor.com do Savioli, a FluPress do Gustavo Albuquerque, além do Panorama Tricolor e do NetFlu.

Isso é Fluminense. Parabéns!

- Prefiro Maranhão pela esquerda porque como canhoto que é, ele vai mais para a linha de fundo.

- Que bom que ficou tudo O.K. com o filho do zagueiro Gum.

- O GE informa que nenhum reforço viajou para o Paraná. Nem o Henrique Dourado ficará à disposição no banco? Não entendi, não.

- Para engrenar, Fluzão, à vitória! 

Fraternalmente,
Crys Bruno.





sexta-feira, 22 de julho de 2016

Releia: Presente de aniversário




Bandeira Tricolor hasteada no novo CT: presente de aniversário dos 114 anos.




Leia meu artigo da semana publicado no Panorama Tricolor.

Presente de aniversário



“Eu tinha seis anos quando cheguei no Brasil. Era fevereiro de 1952 quando aportei em solo carioca para encontrar meus tios Carolina e João, que já viviam e trabalhavam no Brasil. Na cidade vizinha, Niterói, o nome do bairro que moraria se chamava “Portugal Pequeno.”
A atmosfera fazia jus ao nome. Tudo lembrava a Barcelos que havia deixado há treze dias: os azulejos, a Igreja, os patrícios… Mas não imaginava que a Terra de Vera Cruz se tornaria minha pátria de verdade, muito menos que, poucos meses depois, o meu Sporting-POR, que tinha o melhor time da sua história, até hoje lembrado, cairia para aquele clube de três cores.
Meu tio João me levou naquele julho para assistir meu Sporting, mas na verdade ele, que já tinha adotado o Fluminense como clube de coração, já sabia que aquele menino também seria escolhido, arrebatado, enlouquecido pela obra-prima sublime de ver e sentir o verde, branco e grená. Foi assim que escolhi o Fluminense em detrimento do Vasco, como português.”
E o “puto” tornou-se “moleque”. O sportinguista tornou-se o mais apaixonado tricolor que conheci. O moleque cresceu e tornou-se meu pai. Dedico esse texto a todos herdeiros como eu fui, desse estandarte da paixão retumbante de glórias. Obrigada, pai! Obrigada, Oscar Cox, Preguinho,Castilho,Telê! Feliz aniversário, Fluminense.
::Toques rápidos::
– Nada como o torcedor da gema, local, acostumado a ir no Maracanã. Assim é todo o torcedor do Grande Rio.
Nada como a percepção da redução do valor absurdo dos ingressos num momento da pior crise econômica dos últimos 30 anos, que continua na UTI.
Nada como a diretoria sair do marasmo característico da gestão de Peter Siemsen no futebol e começar a tentar jogadores já prontos, não mais apostas de alto risco de erro, que seja por sua vaidade, atingida por aceitar, novamente e novamente e novamente, um time de jogadores atuando no Fluminense com a apatia de desempregado ou o descaso de quem odeia o trabalho que tem: até “o craque do time dos casados das peladas de domingo no aterro do Flamengo”, mais conhecido como Cícero, foi vibrante em campo!
Nada como tratar o futebol com quem é do futebol. Sem as engomados frívolos pelos ar-condicionado, números e estatísticas quando o futebol é paixão e ciência humana, não exata. Nada como o encontro do torcedor com seu time. Foi um presente de aniversário!
– Sejam bem-vindos TODOS os novos reforços!
O pacotão do meio do ano para salvar mais um ano que se montou um elenco ridicularmente mal montado (pelos amadores Mario Bittencourt e Fernando Simone, com aval do Peter e opiniões do Fred), até que parece bom pela circunstâncias – muita pressa, urgência, o que leva a atropelos.
– Se Sornoza for confirmado será excelente. Mesmo que para janeiro. Só em pensar num craque, num jogador pronto que chegue para ser titular, já prova a mudança de mentalidade de respeito pela grandeza do clube. Bola dentro do Jorge Macedo.
– Nunca vi o Rojas jogar, mas se tem aval de Julio Cesar Romero já aprovo.
– Lembro do Danilinho no Galo: rápido, liso, um jogador que joga em direção ao gol, objetivo. Meu único “talvez” é em relação à sua velocidade e explosão porque ele precisa disso para render bem. Torcendo!
– Há sete anos Marquinhos era um jogador bem comum, que não é bom nem ruim, que faz os fundamentos do futebol nota 5 (passe, finalização, visão de jogo, etc.). Mas nosso futebol caiu tanto, tanto, tanto, que não duvido que ele possa ajudar mais do que em 2009 quando fez duas, três coisas boas na temporada, mas pelo gol que nos salvou, virou herói.
– Já Wellington Silva é mais um daqueles exemplos estranhos do nosso futebol e que, não raro, infelizmente, acontece muito nas Laranjeiras: a saída precoce sem sequer se firmar no time titular. O jogador é vendido antes mesmo de virar profissional e render bem no profissional. Coisas da Bolsa de Valores bilionária que é o esporte no mundo.
Sempre gostei muito dele, mais até do que do Nem, aliás como também gostei do Marinho (agora no Vitória), que era jogador do Bismarck quando esteve no Flu, mas não quiseram renovar.
Não o vejo como um fracassado. Conhecendo um pouco dos bastidores, ainda mais sei que várias situações devem lhe ter faltado para que tivesse o respaldo necessário e vingar.
Acredito muito nele. Habilidade, tem. Com isso, está capacitado. Estou com ótimas esperanças em relação a ele. Vamos lá, moleque!
- Claudio Aquino ainda vive de uma grande atuação contra o River Plate. Mas como qualquer jogador sul-americno parece se profissionalizar com mais noção sobre os fundamentos do futebol do que o Brasil tem formado, dá boa expectativa.
– Como já vinha elogiando o Maranhão, vou cornetar a galera: realmente me surpreendo com os comentaristas de rodada, os comentaristas de um jogo! Jurava, antes das redes sociais, que a nossa torcida fosse diferente. Rá, não é nada! Só vocês mesmos…

- A proibição da entrada da equipe do NetFlu nas Laranjeiras é "legal, mas engorda". A direção do clube que nunca reagiu assim, por exemplo, contra uma ESPN- Brasil e UOL e SporTV com seus Peninhas, meios de comunicação que mentiu e trabalhou contra a imagem do clube no episódio do rebaixamento da Portuguesa em 2013, se mostrou covarde, autoritária e completamente sem noção sobre a diferente de gestão de imagem e jornalismo. Uma mancha tremenda que diminuiu bastante minha consideração ao senhor, Peter Siemsen.
Feliz aniversário, Fluminense. Bendito 21 de julho de 1902! Bendita Torcida! Bendito Tricolor!
Abraços fraternos, Crys Bruno.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

O dia da glória para os heróis do campo

Cristiano Ronaldo ergue o troféu mais importante da história do futebol português: os lusíadas foram napoleônicos!



Finalmente! Doze anos após uma derrota cruel e injusta na final da Euro para a Grécia, em pleno Estádio da Luz, os deuses do futebol  resolveram "brincar" com nossas emoções, invertendo os papéis: dessa vez os espartanos eram lusitanos e a vitória foi épica.

Raramente um hino nacional retratou com tanta precisão o que os jogadores portugueses fizeram em campo pela Seleção: heróicos, nobres, valentes. O esforço hercúleo não pertence mais aos algozes gregos: no triunfo napoleônico de 2016, ele veio com a intensidade sublime da poesia de Camões.

O esplendor de Portugal ergueu-se sobre toda a Europa, alcançando o topo, na primeira conquista de sua história, porque os lusíadas calçaram as chuteiras da dignidade, entendendo sua limitação, a superioridade técnica do adversário, sem diminuir-se.

Já o adversário não entendeu que, no futebol, ao contrário de todos os outros esportes, superioridade técnica não garante o triunfo se "a alma for pequena", como ensinou Fernando Pessoa ao seu povo.

Os franceses foram pequenos em alma. Pareciam jogar como se seu gol fosse sair com naturalidade a qualquer momento. Errado. Numa final, um gol só sai se houver gana. Faltou, por grande ironia, postura à França.

E então se viu o dia da glória para os heróis do campo, finalmente, chegar. Impossível não se emocionar com o enredo caprichoso e dramático da partida. Impossível não lembrar das ruas por onde passei, as conversas nos cafés do norte português que me acolheu por anos e imaginá-los sorridentes, orgulhosos, felizes.

A glória não veio através dos pés habilidosos da geração de Figo e Deco, é verdade. Os deuses do futebol gostam de "brincar" com os grandes craques, por vezes: foi assim com Platini, em 86, com Messi, em 2014, aquela geração lusitana também entrou na lista.

A glória veio então através de pés esforçados com a alma estoica do português. Mais precisamente do pé direito de um rapaz da Guiné-Bissau, onde no bairro Ajuda, seus parentes explodiram de emoção e seus compatriotas, de orgulho, pelo feito.


O gol de Éderzito, mais conhecido como Éder, foi o retrato do jogo: um português no meio de seis, sete franceses sem combate, sem lutar pela bola, assistindo, passivos, o adversário dominar, ajeitar o corpo, girar e chutar. O chute seco e preciso beijou as redes do canto direito de um Lloris que nada pode fazer. Naquele minuto do segundo tempo da prorrogação, Portugal abraçou-se, agarrando a taça, o truinfo, a glória.


Futebol é demais, pessoal! A melhor invenção humana mesmo! E essa Eurocopa, embora tecnicamente um pouco aquém de outras, foi uma das mais estonteantes porque, num esporte quando o corpo é o instrumento principal, glorificou a alma: da Islândia inesquecível, do País de Gales histórico à Portugal triunfante, os deuses do futebol escreveram uma epopeia camoniana com a mesma classe e intensidade e, sobretudo, com final feliz.


Para o excelente trabalho do Fernando Santos, o melhor técnico português, algo raro um técnico português bom. Para uma postura menos individualista do Cristiano Ronaldo, que jogou mais para o time, compreendo, sem o nervosismo de costume, a limitação dos seus companheiros, que não lhe proporcionariam as bolas e jogadas que costuma receber no Real Madrid, crescendo como líder e assim, fazendo o time crescer como "equipa".


Parabéns, Rui Patrício, pela segurança no gol, especialmente, na final! Parabéns, Pepe, como é bom vê-lo atuar sem aquela truculência de sempre! Parabéns, Renato Sanches, que bolão você joga! Deu passe e criatividade ao meio-campo de jogadores que só correm e marcam, transpiram sem inspiração. Parabéns a todos os jogadores nesse dia que se tornaram eternos. Comemore, Portugal! Sorria!


Fraternalmente,
Crys Bruno.


Emocione-se com o gol do título português na narração de Milton Leite