Cristiano Ronaldo ergue o troféu mais importante da história do futebol português: os lusíadas foram napoleônicos! |
O esplendor de Portugal ergueu-se sobre toda a Europa, alcançando o topo, na primeira conquista de sua história, porque os lusíadas calçaram as chuteiras da dignidade, entendendo sua limitação, a superioridade técnica do adversário, sem diminuir-se.
Já o adversário não entendeu que, no futebol, ao contrário de todos os outros esportes, superioridade técnica não garante o triunfo se "a alma for pequena", como ensinou Fernando Pessoa ao seu povo.
Os franceses foram pequenos em alma. Pareciam jogar como se seu gol fosse sair com naturalidade a qualquer momento. Errado. Numa final, um gol só sai se houver gana. Faltou, por grande ironia, postura à França.
E então se viu o dia da glória para os heróis do campo, finalmente, chegar. Impossível não se emocionar com o enredo caprichoso e dramático da partida. Impossível não lembrar das ruas por onde passei, as conversas nos cafés do norte português que me acolheu por anos e imaginá-los sorridentes, orgulhosos, felizes.
A glória não veio através dos pés habilidosos da geração de Figo e Deco, é verdade. Os deuses do futebol gostam de "brincar" com os grandes craques, por vezes: foi assim com Platini, em 86, com Messi, em 2014, aquela geração lusitana também entrou na lista.
A glória veio então através de pés esforçados com a alma estoica do português. Mais precisamente do pé direito de um rapaz da Guiné-Bissau, onde no bairro Ajuda, seus parentes explodiram de emoção e seus compatriotas, de orgulho, pelo feito.
O gol de Éderzito, mais conhecido como Éder, foi o retrato do jogo: um português no meio de seis, sete franceses sem combate, sem lutar pela bola, assistindo, passivos, o adversário dominar, ajeitar o corpo, girar e chutar. O chute seco e preciso beijou as redes do canto direito de um Lloris que nada pode fazer. Naquele minuto do segundo tempo da prorrogação, Portugal abraçou-se, agarrando a taça, o truinfo, a glória.
Futebol é demais, pessoal! A melhor invenção humana mesmo! E essa Eurocopa, embora tecnicamente um pouco aquém de outras, foi uma das mais estonteantes porque, num esporte quando o corpo é o instrumento principal, glorificou a alma: da Islândia inesquecível, do País de Gales histórico à Portugal triunfante, os deuses do futebol escreveram uma epopeia camoniana com a mesma classe e intensidade e, sobretudo, com final feliz.
Para o excelente trabalho do Fernando Santos, o melhor técnico português, algo raro um técnico português bom. Para uma postura menos individualista do Cristiano Ronaldo, que jogou mais para o time, compreendo, sem o nervosismo de costume, a limitação dos seus companheiros, que não lhe proporcionariam as bolas e jogadas que costuma receber no Real Madrid, crescendo como líder e assim, fazendo o time crescer como "equipa".
Parabéns, Rui Patrício, pela segurança no gol, especialmente, na final! Parabéns, Pepe, como é bom vê-lo atuar sem aquela truculência de sempre! Parabéns, Renato Sanches, que bolão você joga! Deu passe e criatividade ao meio-campo de jogadores que só correm e marcam, transpiram sem inspiração. Parabéns a todos os jogadores nesse dia que se tornaram eternos. Comemore, Portugal! Sorria!
Fraternalmente,
Crys Bruno.
Emocione-se com o gol do título português na narração de Milton Leite
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