sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Caixa Preta do Futebol: a que ponto chegamos.

Caixa Preta do Futebol: a que ponto chegamos.


Oi, pessoal.


"Quer vender uma mentira, faça a imprensa vender por você". Essa frase é de Rock Hudson, ator hollywoodiano, mencionada no espetacular filme "Argo". Quando eu ouvi, imediatamente anotei em algum bloquinho - tenho alguns devidamente bagunçados e espalhados - porque imediatamente a liguei com o mundo do futebol.


Por meses a mantive em minha mente, coisa difícil porque tenho uma memória relapsa, tamanho o impacto que a frase certeira de Hudson me causou. De lá para cá, leituras, certo estudo e precisamente uma maravilhosa conversa com dois jogadores profissionais, ajudaram-me a entender "causos" que para uma torcedora comum simplesmente são mantidos "fora do alcance".


Nos últimos 15 anos, o mercado de transferências dos jogadores brasileiros bateu a marca dos bilhões de reais. Qualquer "Zé" é negociado por milhões. E essa constatação nos revela muito do por que nossos times estão abarrotados de jogadores sem condição alguma de bater uma pelada de rua com algum jeito de jogador, que fará ser profissional, que fará vestir a camisa de um importante clube.


O conhecido empresário Juan Figer com Julio Batista, hoje no Cruzeiro:
um dos seus 78 jogadores.
Foto: AS\Espanha



Com a CBF cada vez mais abastada e nossos clubes, famigerados, com uma Lei que retira os direitos federativos do atleta obrigatoriamente ao clube, mas que não permite ao clube uma organização com as vantagens legais de empresas com fins lucrativos, engessando a administração, engessando o clube aos esquemas dos novos atores principais do esporte: os agentes.



Donos dos jogadores, credores contumazes e tenazes dos clubes, os agentes parecem usar com perfeição a frase de Rock Hudson, um "standard" da publicidade. Com a ajuda de títulos mundiais, especialmente, em 94, os jogadores brasileiros passaram a poder ser tecnicamente limitados. E enquanto a imprensa nos vendia que era em nome do futebol moderno, nossos clubes eram invadidos por agentes e atletas sem qualidade.



Com a imprensa, formadora de opinião, mais poderosa ainda em lugares como o Brasil, ditando teorias e desculpismos para justificar a presença de jogadores limitadíssimos em nossos times, com os clubes de mãos atadas aos agentes-agiotas, e os atletas mais ligados a estes, perdendo o respeito aos clubes, chegamos no caos técnico. A ponto de ver o atual campeão brasileiro contratar um atacante que não fazia um gol há dois anos e jogando no fraco futebol pernambucano! E pasme: ele é escalado de titular com frequencia.



Por conta disso tudo, chegamos ao cume de ter uma média de público menor que a dos EUA, um país sem tradição no esporte. Muitos vão afirmar ser por culpa disso ou daquilo: TV, horário, trânsito, preço do ingresso, mas quem frequenta estádio desde os anos 80 deverá concordar comigo que é a falta de qualidade que tem nos afastado, valendo mencionar que as audiências da TV com o futebol igualmente caíram.

Edmundo e Romário, em 2000, no Vasco: briga e pagamento para "caixinha" de Torcida Organizada.
Foto: Eduardo Monteiro.


"Continam assim"!  Usando a imprensa e torcedores profissionais - Ah, como não lembrar deles?! São usados e\ou comprados também! Quem não se lembra da declaração de Edmundo afirmando que a TOV o xingava e aplaudia Romário porque o baixinho "pagava caixinha"? Os torcedores profissionais também trabalham vendendo mentiras.


"Continuam assim!"Mas sabendo que há um mundo novo também ao torcedor comum. Não existe mais só o futebol como lazer acessível, embora nossa paixão seja fidedigna aos nossos clubes, não seremos feitos de idiotas por tanto tempo.


"Continuam assim!" Vendendo mentiras. Contratando mentiras. Escalando mentiras. Mas não ousem culpar o torcedor quando tiveram menos de 15 mil no estádio para um Fla x Flu e Vasco x Flamengo, como temos visto. "Continuam assim!" Privando cada vez mais o torcedor da qualidade...

E o último que sair, apague a luz...

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FALANDO NISSO...


Os ex-jogadores Catanha e Vagner revelaram essa semana terem sido procurados por agentes que vendiam uma convocação para a Seleção Brasileira. Na reportagem, os agentes ganharam o nome de "lobistas".


Por que será que não houve nenhuma reação nem maior repercussão à uma declaração tão grave como essa?! Estamos mesmo amordaçados e paralisados pela a corrupção. Em todos os níveis e áreas.


E o último que sair, apague a luz...


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Abraços, pessoal.

Até a próxima.

Fraternalmente,

Crys Bruno.

2 comentários:

  1. É, amiga, o problema é antigo: antes, os jogadores pertenciam aos clubes que, através de maior ou menor influência política, conseguiam uma escalaçãozinha aqui e ali para a seleção nacional. Hoje, são os empresários que detêm a mão invisível do mercado futebolístico. Mas, para mim, o pior é a própria 'negociação esportiva' que resulta em quase tráfico de escravos, não fossem os lucros auferidos pelos jogadores.
    ST

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  2. Verdade, Lili. E é mundial. A única relevante diferença é que aqui no velho continente por exemplo os clubes são autônomos e sua história e tradição mais respeitados.
    Crys.

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