domingo, 30 de março de 2014

É normal?

Marcado por Everton Costa, Walter domina a bola pela meia esquerda: hora de subir as linhas do time.
Foto: Nelson Perez\Fluminense Oficial



Oi, pessoal.

Daqui a pouco, o Fluminense pisará o gramado do Maraca para decidir a vaga na final do Carioca, contra o Flamengo.

Quinta-feira passada, no empate de 1x1, o time jogou com suas linhas do meio-campo para trás, inclusive Walter e Fred. 

Isso deu ao Vasco tranquilidade para exercer a saída de bola e tempo para pensar suas jogadas. Foi assim que o time Cruz-Maltino dominou o jogo, pressionou o encolhido Fluminense, meteu duas bolas na trave e saiu de campo com moral elevada junto à sua torcida.


Renato em treino no Flu: o autor do imortalizado gol deixou de ser um destemido jogador para ser um técnico medroso.
Foto: Nelson Perez\Fluminense Oficial. 


Ao contrário do rebaixado Vasco da Gama, o quase rebaixado Fluminense posicionou-se como um time pequeno, como de hábito o ex-jogador e ídolo, Renato Gaúcho, costuma pedir aos jogadores. Precisamos subir nossas linhas, e isso é completamente possível fazer de forma compactada, sem espaçar o time. 


Mas Renato não sabe. Nunca estudou para ser treinador. Vive da fama do grande jogador que foi para empregar-se como técnico. Sem mercado algum, exceto nos dois clubes que marcou gols históricos, Flu e Grêmio, Renato aprendeu a pôr o time atrás da linha do meio-campo para fechar os espaços, não sofrer gols, não perder e assim, manter-se no cargo. 


E lá vem o Fluminense jogando para não perder... Lá vem o Fluminense, entrando em campo, entrando no jogo sem a honra desportiva de jogar sempre para ganhar...Foi assim quinta-feira.


Deu vergonha. Não como a que passamos no Ceará, na derrota para o Horizonte. Não. Aquilo, em qualquer clube do mundo, cabeças rolariam. 

No Fluminense, não. No Fluminense, como bem escreveu e alertou o cronista tricolor do GloboEsporte.com, Gustavo Albuquerque, tudo é normal...


Jogar assim, feito time pequeno, com três volantes, dois centroavantes e somente Conca para criar...é normal. 

Ter Wagner e Rafael Sóbis no banco e pôr mais para jogar o Marcos Jr e escalar o Rafinha de titular para manter os três volantes?... É normal... 

Perder para o Horizonte, Madureira, Raios que os partam? É normal... 


Cuidado. Porque, a continuar assim, ser rebaixado também será normal... Novamente.

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PARA REFLETIR APENAS.

Cavalieri segura firme a bola, em treino: goleiro é peça chave do esquema de não levar gols do time.
Foto: Nelson Perez\Fluminense Oficial


Voltando ao texto mencionado, intitulado "Empate amargo", Gustavo Albuquerque reativa minha esperança que andava bastante abalada, desde o rebaixamento em 2013, passando pela contratação de Renato para treinar o time, as derrotas e atuações pífias que continuam em 2014, ao cúmulo do iminente retorno de Rodrigo Caetano...


Tudo normal...


Muitos de nós, tricolores, precisamos refletir. 

Tanto quanto eu devo. 

Será que não estamos confundindo apoio incondicional com conivência? Ou melhor, será que não estamos confundindo conivência com apoio incondicional?

Será que assim não estamos prejudicando mais o clube do que ajudando? Este, nosso maior ensejo. 

Jogar feito um time pequeno condiz com a grandeza do Fluminense? Ou nos rebaixa moralmente como clube? 
Conca fortemente marcado: sozinho na armação.

Clubes grandes e que vêm brigar por títulos, todos, no Brasil, jogam hoje com dois meias ofensivos, com seus Conca e Wagner e apenas dois volantes. Cruzeiro, Santos, Palmeiras, INTERNACIONAL (Abel escala D´Alessandro e Alex no seu meio campo que tem um segundo volante que sabe jogar, o chileno Aranguiz e só Williams de volante de contenção...), o Vasco... que vem para o título da Série B, o São Paulo, isso somente para citar os principais.


No Fluminense, não, Conca e Wagner não podem jogar juntos. E isso é normal...Mas Valencia, Diguinho e Jean podem. E podem conduzir o meio campo de um time grande...


Sim, Renato apequena o Fluminense, como treinador. Jogamos como um time pequeno, cuja tática é a de não tomar gols, fechar os espaços defensivos usando ATÉ os atacantes, que devem marcar, claro, mas em seu setor. Foi constrangedor ver Walter e Fred marcando no meio-campo.

Em termos de criação, apenas esperamos uma jogada individual. 


E se não funcionar, é fácil: culparemos, com nosso coração sofrido, a falha do zagueiro, do goleiro, do gol perdido, do passe...enfim, culparemos o jogador, esquecendo-nos que eles estão acorrentados num posicionamento de jogo que prejudica a evolução de um mínimo de técnica, porque jogamos feito um time pequeno. E Renato vai pedir reforços.


E bola no Conca, solitário na armação, joga com dois ou três o marcando, porque o adversário sabe que não precisa marcar Diguinho e Valencia. Sem meio-campo, os únicos jogadores ofensivos do time de Renato precisam dos defensores laterais...

E bola em Carlinhos e Bruno para trezentos cruzamentos e passes errados até acertarem um, dois. E ai (!!) dos centroavantes errarem o gol...

Carlinhos tenta atacar: laterais são peças-chave em time sem meio-campo.

Bruno e Carlinhos, aliás, não erram de safadeza, não são tão ruins assim. Na verdade,eles erram mais, porque são jogadores defensivos. Caso contrário, seriam segundos atacantes, não laterais.

O apoio ao ataque de jogadores defensivos tem que ser na boa, aproveitando o espaço, não o principal sistema de jogo. Não é assim no Fluminense. 

Jean e os laterais precisam do corredor. Devem apoiar como elemento surpresa. A responsabilidade maior dos jogadores defensivos é a marcação. 

Com dois meias, Wagner e Conca, além de ganharmos em posse de bola, o que permite que os defensores respirem, afastando o adversário do nosso gol, abre-se o espaço para Jean aparecer melhor, os laterais terem com quem tabelar para fazer o um-dois e o principal: a jogada de qualidade por dentro, fundamental, ainda mais quando se joga com dois centroavantes afunilados na grande área.

Vale lembrar que me refiro as características dos jogadores. 

O Fluminense de Renato Gaúcho tem jogado como um time pequeno. Não, isso não é normal. 

E eu nem sei descrever como isso me machuca. 

Nos últimos meses, aliás... normal.

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MAS QUE, MESMO PEQUENO, VENÇA O MAIOR! VAMOS, FLUZÃO!

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Abraços, 
fraternalmente,
Crys Bruno.

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Imagens: Nelson Perez\Fluminense Oficial.

Um comentário:

  1. Não, nada é normal... Começando com a gestão do Flu. Nunca, ficou tão claro, como a parte administrativa/ a "gestão" pode influir, desse modo, no futebol em campo. Aliás, futebol foi o que não vimos ontem! Tenho uma amiga que o filho, quando pequeno, não falava "Futebol", falava "Chutebol". Me lembrei muito,ontem dessa palavra! rs

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