quinta-feira, 3 de julho de 2014

Brasil: bastará ter camisa?

Thiago Silva sobe mais alto e corta a bola: pobre futebol da Seleção Brasileira gera surpresa e preocupação.

Oi, pessoal.

Hoje é dia de falar do Brasil. Nos dias dos jogos, percebo que sou tomada pela emoção além do que devo. Hoje é dia de falar com a razão, ou melhor, com o que eu tenho dela.


Nossa Seleção não tem talento. E é justamente no principal setor de um time que mais sentimos falta dele. Nosso meio-campo conta com três jogadores: dois jogam a um passo dos zagueiros, o outro, Oscar, joga aberto pelas pontas, deixando um espaço para o adversário no setor. 


Nosso ponta, Hulk, não é ponta e virou lateral defensivo pela esquerda para ajudar um lateral defensivo que marca mal. Para completar, Fred joga abaixo do aceitável e Luiz Gustavo finge mais que marca do que marca de verdade (observe como ele deixa Alexis Sanchez e se afasta do lance, no gol chileno).


Ainda assim, acreditamos no título. 


Jornal Inglês pede para o Brasil voltar ser brilhante como o Brasil: "Inventamos o futebol, mas o Brasil aperfeiçoou."



Nossa Seleção não tem repertório, não tem jogadas, tabelas, infiltrações. Isso porque não tem talento no seu meio-campo. Seus jogadores mais respeitados e comentados são zagueiros. Não são eles que definem, que decidem, que conquistam a vitória. No máximo, e como tem sido, evitam o gol adversário. Nosso craque é um menino de 22 anos, espécie de "o último dos moicanos".


Mal posicionada, nossa Seleção se espalha no campo, abrindo um buraco entre os seis defensores e os quatro atacantes. Oscar corre feito um condenado para lugar algum. Não pode ser nosso 10. Nem ele nem nenhum jogador que só conduz a bola, que não tem um o drible e passe frontal e este, longo, de mais de dez metros, que não saiba lançar.


Oscar ainda é sacrificado porque precisa voltar para marcar, marcar e marcar, tornando-se o que mais desarma, função obrigatória para os volantes Luiz Gustavo, Paulinho e, agora, Fernandinho.


Luiz Gustavo ajuda Marcelo na marcação: o Chile foi superior ao Brasil.



O que mais me incomoda nisso - fazer os meias ofensivos e atacantes virem na defesa para marcar, ajudando os defensores - é que os volantes que não jogam nada não são cobrados a saberem dar um passe frontal, que seja apenas de cinco metros(!!!), nem são cobrados a criar e finalizar, enfim, como os sacrificados jogadores ofensivos são obrigados a cumprir funções que não são deles.



Jogador ofensivo sempre marcou. No ataque. Na saída de bola do adversário. No seu espaço no campo. É o que o novo "futebol moderno" resgatou e apresenta em nossos campos, nas "nossas barbas"! Marcação pressão no ataque. Raros são os times brasileiros que jogam assim. Atualmente, somente o Cruzeiro. E Cristóvão Borges tenta implementar no Fluminense. 



Sim, encheram nossos times de volantes que não têm todos os recursos técnicos para jogar num meio-campo e retrancas (jogar com no mínimo oito jogadores atrás da linha da bola). Culpa dos treinadores obsoletos, que preferem a retranca para evitar a derrota visando manter seus empregos e dos empresários, pós Lei do Passe, que enriquecerem colocando para jogar em nossos times jogadores medíocres, com salários surreais.


Luiz Felipe Scolari: técnico querido pelo seu estilo espontâneo e simples mas com tática ultrapassada.



Aceitamos. Mídia, analistas, torcedores. Tem sido assim nos últimos 20 anos. Até o ápice negativo de chegar numa Copa, em nossa casa, sem ter um camisa 10, um meia de criação, um organizador de jogo, um cérebro, um maestro, porque preferimos descaracterizar nosso estilo. E o pior: nos últimos dez anos, pós geração de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Alex, só criamos Diego e Paulo Henrique Ganso.


Aceitamos. Mídia, analistas, torcedores. Por isso, culpar ou fazer de um desses jogadores um vilão será de uma covardia monstruosa. 


Aceitamos. Agora é aceitar que nosso time não é o melhor, não tem jogado bem, buscar entender por que, onde erramos, que processo precisa ser alterado que nos privou chegar numa Copa com um Zizinho, Didi, Gerson, Rivelino, Sócrates, Falcão, Zico, Bebeto, Rai, Rivaldo, Alex, Ronaldinho Gaúcho...


Isso aqui é Brasil. Não podemos ser pobres nem medrosos. Tivemos medo de México, Chile e tememos a Colômbia. Somos o Brasil, gente! Mas nossa Seleção é ruim tecnicamente. Temos apenas quatro jogadores que estão segurando o rojão: Julio César, Thiago Silva, David Luiz e Neymar.


Problema emocional? Não caio com a mesma frequência em balelas. Somos uma Seleção ruim tecnicamente para nível de Brasil. Simples como um pão com manteiga.


Nossos laterais não sabem marcar e não estão apoiando porque com um meio-campo que inexiste, o adversário passa a marcá-los, tirando deles o corredor para o apoio. Não adiantamos as linhas do time. Algo impensável até para a Austrália diante da Holanda - "Meninos, eu vi!"  Algo inaceitável em qualquer time grande do mundo.


Jogamos com uma postura lamentável para um Campeão do Mundo, que fará Pentacampeão. Ou mudamos isso para o jogo contra a Colômbia e voltemos ao menos a ser um time astuto, agressivo, marcando pressão, com intensidade, como esse time foi contra a Espanha, na final da Copa das Confederações, ou... só nossa camisa poderá nos salvar! 

Isto é triste. E, além de ser triste, deixa uma pergunta: bastará ter camisa ?


@@@

E AMANHÃ, eu falarei sobre o que considero nossos principais erros e o que podem ser as melhores soluções, tanto na escalação da Seleção quanto no nosso futebol como um todo.

Abraços,
fraternalmente,
Crys Bruno.




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