quarta-feira, 8 de julho de 2015

André Moritz, um gol e uma noite para sempre

No Crystal Palace, de Londres, onde ajudou o clube na subida para a Premier League, Moritz se ajeita para o escanteio.
Foto: Reprodução\CPFC



Oi, pessoal.


Alguns anos depois, tanto do gol quanto da noite de 23 de julho, eu republico a história vivida do meu encontro com André Moritz, nesse momento em que o vejo na Coréia do Sul ao mesmo tempo que temos o Fluminense em busca de um meia do seu estilo.

Um encontro genuíno de um jogador de futebol com o torcedor. Puro como tantas vezes a magia do futebol consegue ser e tão poucas vezes, ultimamente, podemos ver.

Adoraria rever o Moritz no Fluminense, não nego. Não por aquele gesto, o que seria o suficiente para nossa paixão, mas por encontrar um jogador extremamente profissional e com as qualidades daquele menino de 20 anos, consolidadas em campo.


O mesmo chute potente e certeiro de longa distância. A mesma qualidade no passe. Unidas ao homem formado, de caráter firme, que, após ser jogador do famoso empresário Juan Figger, quando esteve no Fluminense e até ser negociado para a Turquia, esquiva-se ao máximo desse meio e dono do seu passe e do seu destino, é um ponto fora da curva.


Adoraria vê-lo no Fluminense pela liderança. Pelo senso de responsabilidade e, muito, também, por ser Tricolor e ser de família Tricolor. Seria uma mais valia ímpar. E ótima ajuda aos meninos que surgirem.


Por isso, a seguir, repito o texto de dezembro de 2013, com o mesmo sentimento de gratidão e encantamento que sei, você, torcedor, igual a mim, vai ter. E dedico a tricolor Elenir Terra, que me pilhou para fazê-lo agora.



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ANDRÉ MORITZ, UM GOL E UMA NOITE PARA SEMPRE.




Meu encontro com André Moritz: o ex-jogador tricolor tornou-se ídolo do Fluminense por marcar um gol salvador, em 2006.




Dezembro descortina o fim de mais um ano em nossas vidas. Diante do susto da sensação do tempo, que tem voado, natural que façamos uma retrospectiva do que aconteceu. Funciona assim com muitos de nós. Funciona assim comigo.


Em 2013, continuei recebendo grandes presentes da vida. Um deles, sem dúvida, o encontro com o ex-jogador do Fluminense, André Moritz. Momento que guardei para relatar exatamente nesses dias reflexivos e festivos de dezembro, quando, do futebol brasileiro, estamos de "férias".


Assim, diante dessa difícil semana para todos nós, tricolores, dias antes da luta final, na Bahia, do mesmo drama vivido sete anos atrás, quando um gol salvador de Moritz nos ajudou de forma determinante para que evitássemos o rebaixamento, eu decidi registrar a beleza e força desse encontro verde, branco e grená, como forma de nos confortar e inspirar.


E por mais angustiantes que sejam esses dias, eu duvido que não nos conforte e inspire... um pouquinho que seja. 


Senhoras, Senhores, com vocês, o herói de 2006, André Moritz!


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UM GOL E UMA NOITE PARA SEMPRE



Aquela  deveria ser apenas mais uma terça-feira de aconchegante calor num comemorado verão londrino: céu azul, sem dispensar as nuvens, claro (risos). Deveria, mas não foi.  Nunca mais me esquecerei da emoção que a noite de 23 de julho de 2013 me proporcionou.


Pela primeira vez, eu iria conhecer e conversar com um jogador profissional de futebol, o que por si só, seria cativante. A vida me reservou algo ainda mais especial: conhecer um ex-jogador e ídolo do Fluminense(!), por ser o Fluminense o seu clube de menino e pelo gol salvador de 2006, sobre o Santa Cruz, no Arruda.

Relembre essa emoção daquele gol do alívio contra o rebaixamento:






Não preciso dizer que  aquela foi uma das noites mais sensacionais que eu já vivi e devo isso a André Moritz.  Autor daquele gol e daquela noite, um gol e uma noite para sempre. Aquelas cinco horas figurarão nos melhores momentos da minha vida. Afirmo isso com emoção singela, sem qualquer pitada da cegueira e exagero que a paixão pelo futebol e clubística nos causa. 


Não. Com emoção singela e tranquila, eu posso afirmar, definitivamente, que aquela se tornou uma noite para sempre.


Até às 19h08min, quando o interfone disparou, eu ainda me beliscava: “- Esse “cara” não pode ser tão maluco assim?! Vir me ver?! Desperdiçar assim uma noite em Londres ?!”. Enquanto eu tentava me preparar para o cancelamento do encontro, ao toque do interfone, descobria e exclamava: "- Que maluco!..."


... OITO MESES ANTES ...


Moritz acena para a torcida do Crystal Palace: acesso à Premier League em triunfo no Wembley.
Foto: Arquivo Pessoal\André Moritz.

Era ano novo. O primeiro dia de 2013 despontara. Naquela tarde, o certo cansaço da noite anterior me fez ligar a TV( coisa rara), e buscar algum filme ou jogo.  Os filmes, nesse período, costumam ser bem selecionados, mas já havia assistido a todos os "melhorzinhos"...


Fui para a parte dos esportes... e aquela coisa de misturar outros esportes com o futebol para atrair seu público a outras chatices, me fez passar em dezenas de canais, em vão, até descobrir que transmitiam a Championship, no Brasil, achando uma peleja que se realizava em Londres, cidade que adotei carinhosamente. O jogo? Crystal Palace x Wolves.


Não demorou e o canal de TV focou no jogador da camisa 30 e meus olhos ficaram surpresos: adivinhem só quem estava em campo marcando um golaço de falta?  André Moritz!  Aquele mesmo rapaz de 19 anos, que teve uma passagem promissora pelo Fluminense, nos ajudando muito em 2006, mas que, estranhamente, o clube não aproveitou e havia “sumido”!


Assista o lindo gol de falta do tricolor Moritz para o Palace e seus lances recentes



Ao identificá-lo em campo, com a bendita internet,  procurei notícias dele.  Moritz, sem chances no Flu, aceitou ser transferido para o futebol turco, onde atuou por todos esses anos, até vir para o time londrino, o tradicional Crystal Palace.

Entrei em contato com ele através de uma rede social...


Fotos: Reprodução\Internet
Montagem: Crys Bruno.

Solícito e educado, aquele  rapaz, autor de gol salvador, em 2006, era agora um jogador profissional formado, estabilizado e bem-sucedido: confirmando as expectativas de quem apostou no seu futebol, como muitos de nós, torcedores do Fluminense.


André aceitou me conceder uma entrevista. Marcamos um encontro na capital inglesa, mas por conta de um imprevisto, cancelamos. Ainda assim, eu escrevi sobre ele no querido e saudoso Fluminense & Etc.  Ainda assim, fiquei devendo a ele um jantar; e ele, um autógrafo para mim. (risos).


Os meses seguiam e Moritz continuava sendo determinante para o sucesso da campanha do Crystal Palace, que voltou à primeira divisão, com ele. 


O pré-contrato estava acordado, mas quando retornou das férias, o então treinador do clube, Ian Holloway, propôs alterações no que já havia sido combinado, no entanto, André recusou o desrespeito, deixando o clube e abdicando da chance de jogar uma Premier League, campeonato de maior audiência no mundo.


Era o mesmo Moritz... a mesma personalidade forte que reconhecemos quando ele ainda contava seus 19 anos e vestia a camisa mais bonita do mundo. 

Abrindo mão da primeira divisão, aceitou a proposta do Bolton Wanderers, tradicional e forte clube da Grande Manchester.  MAS... antes da sua mudança de Londres para a importante cidade do norte inglês, ele veio me “pagar a dívida”...


Dias atrás o lance que deixou a Inglaterra boquiaberta: um deslumbre.
Não viu ainda a "rabona trick pass" dele? risos. Vê aí:



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NOITE DE 23 DE JULHO DE 2013: TATUADO EM MINHA ETERNIDADE.
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Eu e meu cunhado, Claudio, tricolor apaixonado, entre Moritz e Tássio:
Uma noite para sempre no coração.

Lá estava  André Moritz, junto com o amigo, Tássio, ex-jogador do Figueirense e Volta Redonda (que ainda esse mês compartilharei com todos uma entrevista, em papo recente que tivemos).

Lá estava o autor daquele gol de 2006, nos minutos finais da partida, que me fez explodir de alegria diante do alívio que seu gol proporcionou contra o rebaixamento. No jogo seguinte, o Fluminense confirmou sua permanência porque jogava mais tranquilo e confiante, fortalecendo o elenco, que contava com ele ainda, para a conquista da Copa do Brasil, em 2007.

Aqui esteve André Moritz... para fazer de uma noite, uma das mais felizes e inesquecíveis de toda minha vida. 

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"DÍVIDA" PAGA! 
"Dívida" paga que vale como um troféu.
Foto: Crys Bruno.


Aquelas horas foram cinco horas de uma aula de futebol e de vida. Falamos do seu Avaí, a passagem pelo Internacional (RS) e a emoção de vestir a camisa do Fluminense, jogar no Maracanã, viver no Rio de Janeiro...

Falamos dos amigos, das dificuldades, injustiças, das melhores emoções, dos empresários, clubes, dos técnicos...Falamos sobre o atual mundo do futebol.

Sim, sua história de vida na Turquia foi detalhadamente comentada. Situações inusitadas como jogar numa cidade fronteiriça com graves problemas com os curdos, quando viveu num ambiente de guerra e, ao entrar em campo, perceber a presença de dezenas de atiradores de elite por toda marquize do estádio. 


Apesar dos apertos, André demonstra carinho pelo lugar “ que me possibilitou viver do futebol”. O ex-jogador tricolor sustenta o símbolo da bandeira turca tatuada no braço:  “- Gratidão. Fui muito bem recebido por lá. Em 1 ano, eu já falava turco e era capitão do time.”


Gratidão... o mesmo sentimento que tatuei em minha eternidade por ter ganho de sua presença querida, àquela noite inesquecível. Que a vida lhe retribua em dobro, por todo sempre, a realização e alegria que você me proporcionou. Muito obrigada, André Moritz.


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Abraços, pessoal.

Fraternalmente, 
Crys Bruno.


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