Brasil: "do brasileiro vira-lata ao brasileiro orgulhoso de ser brasileiro"

"O futebol é assim: desperta na pessoa um sentimento virtuoso", Armando Nogueira.

"O futebol é assim: desperta na pessoa um sentimento virtuoso que transcende a amizade, que vai além do amor e culmina no santo desvario da paixão. Tem de tudo um pouco, porém, é mais que tudo. Torcer para uma camisa é plena entrega. É mais que ser mãe, porque não desdobra fibra por fibra o coração. Destroça-o de uma vez no desespero de uma derrota. Em compensação, remoça-o no delírio de uma vitória."


Foi assim que um dos maiores cronistas do país descreveu o futebol, no livro: "A ginga e o jogo: todas as emoções das crônicas de Armando", da editora Objetiva, de 2003.


Onde quer que esteja, certamente, o mestre do jornalismo, Armando Nogueira, estará emocionado, inspirando poesia, sentindo e descrevendo com perfeito néctar todo nosso sentimento de ver o país ser invadido pelos melhores e maiores jogadores do mundo.

Brasil: a dupla de zaga e Neymar são nossos pontos fortes.

MAS...

Sabemos que a nossa Seleção não é a melhor, sabemos que esse time não nos inspira. O que importa? Somos uma "Pátria Rodriguiana" e, como tal, desprezamos as evidências.


É verdade. É obvio. O nosso favoritismo brota apenas do peso da nossa camisa e do nosso calor, em todos os sentidos. MAS... o que importa? Somos a Pátria de Chuteiras, decretou o profeta das crônicas esportivas, Nelson Rodrigues.


De onde quer que esteja, Nelson estará batendo seu cajado, afirmando, sem hesitar, que o Brasil vai ser o Campeão do Mundo, em luta hercúlea contra "os idiotas da objetividade", com sua característica audácia cortante e exemplar. Em tom definitivo, proclamará: "- O Brasil será hexacampeão mundial no Maracanã. E se os fatos comprovarem o contrário, azar dos fatos."


"À sombra das chuteiras imortais", nessa quinta-feira, estarão o time e duzentos milhões de brasileiros, como eu, naquela "corrente p'ra frente", com os olhos tomados de emoção e o coração agitado, à espera do arrebatamento que essa paixão avassaladora chamada futebol nos provoca.


"À sombra das chuteiras imortais", a Copa causará a mais bela transformação em nosso povo: o brasileiro vira-lata, que como eu, anda desiludo em produzir a sexta maior economia do mundo e viver sem direitos, sem uma mínima estrutura, vendo bilhões serem desviados por governantes bandidos, transformar-se-á no brasileiro com orgulho de ser brasileiro, logo nos primeiros acordes do Hino Nacional... e o sol, em raios fúlgidos, brilhará no céu da Pátria nesse instante.

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NOSSO TIME: SEREMOS CAMPEÕES???

Time do Scolari: a zaga e o talento de Neymar são as esperanças para a conquista do título.

Vivendo um dos períodos mais fracos tecnicamente da sua história repleta de grandes e numerosos craques, a Seleção chega na Copa do Mundo de 2014, com um time tecnicamente comum, que transpira mais que inspira. Suficiente para ser campeão?  CLARO! (risos).


O caminho não será fácil, especialmente, se a teoria prevalecer na prática. Assim, para chegar a final, teríamos que passar por Holanda (oitavas), Itália, Inglaterra ou Uruguai (quartas) e Alemanha (semi).


Com toda expectativa e pressão, maximizadas por jogar em casa, o time deverá controlar a ansiedade e apenas jogar o jogo, porque isso é só mesmo futebol. Conseguirá segurar a onda? O cenário é único e inédito para eles. E tremendo! Nos dois sentidos!

Para repetir o gesto e ver o capitão, Thiago Silva erguer a taça!

No time escalado por Scolari, eu não gosto da dupla de volantes, Paulinho e Luiz Gustavo. Em sua primeira temporada na Europa, Paulinho foi apontado como uma das grandes decepções entre os recém-contratados  do Tottenham, terminando o campeonato na reserva.


Ainda titular da Seleção, o técnico brasileiro espera de Paulinho o que teve, em 2002, com Kléberson. Não vejo o Paulinho com tempo hábil para readquirir seu melhor momento. Apostaria mais em Ramires para essa função.

Paulinho: volante vem de uma temporada mediana e precisa retomar seu melhor futebol para ajudar a Seleção.

Titular da Seleção para cobrir as subidas do lateral Marcelo, após ser campeão europeu com o Bayern, Luiz Gustavo foi preterido e, atualmente, joga num clube alemão inexpressivo, em termos continentais, o Wolfsburg. O volante brasileiro nãotem todos os passes de um meio-campista. Além disso, o considero lento dentro da intensidade que o futebol exige.  Isso, claro, dentro da exigência para ser titular da Seleção Brasileira.


Preferiria ver em seu lugar o volante campeão inglês com o Manchester City, Fernandinho. Formando o tripé com os zagueiros. Assim, cobrindo mais Thiago e David Luiz, quando um deles sair para cobrir o Dani Alves ou Marcelo, ao contrário de ser ele, o volante, a fazê-lo.


Um meio-campo de Seleção Brasileira para disputar uma Copa do Mundo com Paulinho, Luiz Gustavo e Oscar é cravar uma estaca em nossa história e talento, e nos deixar com uma pulga atrás da orelha. Pulga, não!! Não!...

William pode ganhar a titularidade durante a Copa.

Oscar é muito bom de bola. Mas não é organizador, pensador, o camisa 10. Ele está mais para um Kaká do que para um Ronaldinho Gaúcho, em termos de características. Por isso, seu futebol fica prejudicado, por ter ao lado, no setor que é o mais importante de um time, dois volantes sem uma qualidade técnica apurada.

O meia-atacante do Chelsea já está na marca do pênalti para ser barrado por outro carregador de bola, seu companheiro de clube, William, que precisa, como ele, do corredor central para fluir seu jogo. Contra retrancas, o meia precisa de mais recursos que eles têm, como o passe longo, o drible por dentro e o toque de primeira.


Sem nosso típico camisa 10, cada vez mais escasso e raro, no Brasil, numa geração que só tem carregador de bola, eu preferiria  ver William e Oscar juntos e sacaria Hulk. Com isso, acho que ganharíamos mais mobilidade e acrescentaríamos ao ponto mais frágil do time, o meio-campo.

Hulk tenta o domínio em jogo pela Copa das Confederações: escolha por futebol russo pode ter brecado o melhor dele. 

Para piorar, "nunca na história desse país" vivemos uma escassez de atacantes como agora. Prova disso foi a ansiedade da Seleção em contar com Fred, que não tem nenhum substituto do seu quilate e que não é mais nenhum garoto.


Há duas temporadas atrás, até que Hulk parecia que alcançaria o patamar máximo dos grandes atacantes do mundo, como Falcão Garcia, Luiz Suárez, Aguero, entre outros. Não foi assim. Ao escolher jogar no Zenit, da Rússia, o atacante brasileiro saiu do foco, perdeu visibilidade e a possibilidade de crescer ainda mais como jogador se disputasse um campeonato mais competitivo.


Em termos de talento nato, agressivo, que faz a diferença nesse futebol de jogadores-robôs, só temos Neymar. Suas jogadas pela esquerda, especialmente, com Marcelo, são toda nossa criação e o ponto forte da nossa Seleção.


É por ali que o time acha o caminho para fazer essa bola chegar em Fred ou com perigo ao gol adversário, com a bola rolando. É pouco, mesmo numa Seleçao que joga correto, mas que é previsível demais. Poderá ser o suficiente? Poderá, claro! Como foi ano passado.



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NOSSO MELHOR, NOSSO PIOR

 

PONTOS FORTES:

- Neymar.

- a segurança e alta qualidade dos nossos zagueiros, Thiago Silva e David Luiz. 

- a liderança e ótima finalização de Fred.

- a qualidade ofensiva dos laterais, Daniel Alves e Marcelo.

PONTOS FRACOS:

- o meio-campo.

- a falta de ritmo de grandes jogos do excelente e experiente goleiro, Julio César.

- a pouca qualidade técnica dos nossos volantes.

- a falta de um jogador de armação, de criação, do passe longo, que dite o ritmo do jogo.

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É O CAMISA DEZ DA SELEÇÃO

Neymar é derrubado por Piquet, hoje, seu companheiro de clube.

Em relaçao a Neymar, duas coisas me preocupam: ao contrário da Copa das Confederações, quando ainda era grande promessa e desconhecido, ele não é mais uma surpresa para os adversários e isso deverá trazer uma marcação ainda mais eficiente. Infelizmente, eu diria. Porque se você anular Neymar, você anulará praticamente o time todo.


Outra coisa: é o vampirismo da mídia sobre o menino. Em ritmo alucinante, o melhor jogador brasileiro do mundo, foi, em menos de cinco dias, na Xuxa, Faustão, Angélica, Huck, Ana Maria Braga, isso para falar só de uma única emissora...


Além dos vampiros da TV, Neymar está sendo sugado pelos empresários da Propaganda e do Markenting e foi presença constante em eventos sociais, quando deveria optar por descansar seu instrumento de trabalho, o corpo, às vésperas da Copa.


A presença de  Neymar dá dinheiro para  pessoas que nada querem saber de futebol. Quem perde com tudo isso? Justamente o próprio.


Que isso não ocorra, principalmente, porque não merecemos ver a Seleção perder uma Copa do Mundo no Brasil. "- Não ocorrerá", rechaça o vulto de Nelson. O profeta acerca-se de mim com seu olhar penetrante, chamando-me de idiota sem pronunciar uma palavra e dispara, no grave som da sua poderosa voz: "- Vou repetir. Só uma vez mais. O Brasil será hexacampeão no Maracanã! E se os fatos provarem o contrário, azar dos fatos!"


É ISSO! É SÓ ISSO! É APENAS ISSO:  somos duzentos milhões em ação, na torcida... e de repente, o Brasil todo se dará as mãos e arrebatará o mundo com sua alegria inabalável e incomparável paixão, resgatando o que de melhor somos.

Que seja assim!



















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E POR FIM, MAS NÃO MENOS IMPORTANTE: parafraseando o então rei espanhol, Juan Carlos, um pedido desesperado:
"-Por qué no te callas, Presidenta?"


Abraços,
fraternalmente,
Crys Bruno.