quarta-feira, 18 de junho de 2014

Espanha e o fim de uma geração única.

Xabi Alonso, Iniesta e companheiros: o fim de uma geração única e campeã.



Inacreditável, mas merecido. Os bicampeões europeus e atuais campeões do mundo fizeram duas partidas pífias e, com duas derrotas, estão eliminados. O Brasil, em 66, foi o primeiro campeão do mundo eliminado na primeira fase. França, em 2002, e Itália, em 2010, completam a "lista".


Como eu não gosto de ver nenhum grande cair e sempre torço para quem mereceu alçar vôos altos por talento e dedicação, como essa Espanha, que nos encantou e refez conceitos e análises, resgatando o futebol arte, de toque de bola, ao cenário atual, eu me recuso comemorar.


Mas... futebol arte, futebol de toque de bola, não foi o que a Espanha fez nessa Copa. Foi o que ela fez na Euro de 2008, na Copa, em 2010, e, recentemente, na Euro 2012. Era um time que jogava valorizando a posse de bola, como o Barcelona, mas sempre na direção e em busca do gol, como o Real Madrid.


Vargas domina, vira e bate para marcar o primeiro do Chile: Espanha eliminada.


O que mudou? O que faltou? Dentro da sua característica, faltou ter seu maestro, Xavi, com condição física. Aos 34 anos, o cérebro do time não é mais o mesmo. Um dos seus substitutos, Thiago Alcântara, foi cortado por lesão. O outro, Fábregas, foi preterido pelo treinador. Em campo, então, vimos solistas como Iniesta, sem a orientação da batuta do regente.


Sem seu maestro, a Espanha perdeu a inteligência e, depois, as pernas. Para piorar, Vicente Del Bosque fez escolhas absurdas na escalação e substituições. Principalmente, na derrota de hoje, para o bravo Chile. Não conto o jogo contra a vice-campeã, Holanda. Já que foi atípico. 


Abatido, Del Bosque, técnico espanhol: erros na escalação da La Roja.


Hoje, o experiente e vitorioso técnico espanhol manteve um meio-campo com dois volantes e repletos de armadores que não são o camisa 10, aquele que se infiltra, que joga em direção ao gol. Com isso, muitos toques, muita paciência, muito passe para cá e para lá e nada acontecendo. Chances mesmo, somente de bolas alçadas ou paradas. 


Ele preferiu deixar em campo um monte de armadores tendo no banco jogadores mais definidores, mais decisivos, como Fábregas, Juan Mata e David Villa. Também preteriu um centroavante mais técnico, Fernando Torres, para um mais trombador, físico e que em nada tem a ver com essa Espanha, porque é jogador de contra-ataque, não de tabelas, deslocamentos, parede.


Com isso, pessoal, constatamos, mais uma vez, que o futebol não perdoa o desequilíbrio. Não adianta escalar três armadores de passes curtos, se seu ataque tem um centroavante trombador, se seu ataque não tem um driblador, se seu time não tem definidores. Tanto quanto não adianta escalar três atacantes e ter um meio-campo sem um armador e um camisa 10, só com marcadores, sem o passe longo e vertical.


Busquets lamenta um gol perdido no segundo tempo. 



Espanha fora porque o futebol não perdoa o desequilíbrio. Ainda mais quando se tem todos os meios de se escalar e montar um time que se complete. Não foi assim. Del Bosque foi imensamente infeliz nas decisões sobre o time e nas substituições também. Até os melhores têm dias ruins. E a Espanha teve dois jogos assim.


E como na vida, também no futebol, nenhum reinado dura para sempre, muito mais porque os jogadores fisicamente envelhecem e não conseguem reagir com a mesma força. É o tempo.


NO ENTANTO, DEVEMOS REGISTRAR E RECONHECER:  essa geração foi única, ímpar e nos proporcionou grandes jogos e momentos, que entrou para a história da Espanha e do mundo.

O legado dessa geração de espanhóis é ainda mais bonito: resgatar o futebol de toque de bola, mais cerebral, menos físico, em pleno auge da fisiologia... 



O grande Xabi Alonso, dono de passes longos perfeitos e um dos responsáveis pelo legado da campeã Espanha.



Por tudo isso, eu lamento o fim dessa geração única. E confirmo toda minha admiração e agradecimento a Xavi, Iniesta &Cia por todo bem que fizeram e fazem ao futebol e por serem grandes.  Até quando caíram, caíram de pé. Leais. Sem nenhuma agressão a adversário algum. Nenhuma reclamação. Nenhum descontrole. Nada. Somente o abatimento de não conseguir achar seu melhor, admitindo a derrota.


A Copa do Brasil fica pobre sem esses grandes desportistas, grandes jogadores. E o futebol espera que os novos reis sejam tão dignos e talentosos como os espanhóis foram. Levantem a cabeça, rapazes. E obrigada.


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A VITÓRIA HISTÓRICA DOS QUERIDOS CHILENOS





Que dia glorioso para o futebol chileno. Que orgulho e alegria sua torcida deve estar sentido. E o que é melhor: com todo mérito. O Chile fez uma partida excelente, dentro das suas limitações.

Durante a partida, arrisquei apostar que o grande mérito veio de Alexis Sanchez, o jogador do Barcelona. Não somente por toda sua entrega, mas mais ainda por passar ao seu técnico e time como marcar a Espanha, que ele conhece tão bem. 

Afirmo isso porque foi na marcação por zona com três. Sempre três chilenos se deslocavam para brecar os espanhóis. Isso foi muito visto no Barça de Guardiola. Sanchez usou para o Chile e seus companheiros compraram a ideia e se entregaram sem dosar uma gota de suor.

Futebol é um esporte lindo porque é completamente humano! Inteligência, postura, posicionamento, atitude, retração, coletividade, individualidade, tudo, tudo que precisamos ter na vida, em nosso dia-dia, uma partida de futebol exige daqueles 22 homens.

Nessa noite de 18 de junho de 2014, os homens do Chile foram soberbos, heróicos, brilhantes! Que jogo! Que Chile! Que Copa!

Eu amo futebol! Que esporte lindo que tanto me ensina, me inspira e me enriquece, como hoje fizeram os derrotados espanhóis e os magnânimos chilenos. Obrigada pela aula de vida, ou melhor, de humanidade!

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E AMANHÃ TEM MAIS:  destaque para o jogão Uruguai e Inglaterra. Quem perder, está fora da Copa.

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Abraços,
fraternalmente,
Crys Bruno.

7 comentários:

  1. Parabéns Crys!! Bela crônica de uma amante do velho esporte bretão!!

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  2. Oi queridão! Obrigada por ler e ter gostado. rs

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  3. Eu já não gostava do Del Bosque antes....agora então o odeio. Ainda bem que se aposentará após o jogo contra a Austrália!

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    1. Che, depois de Luxemburgo e Del Bosque, estou convencida que treinador tem que ter exames neurológicos regulares pq realmente fica caduca.

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  4. Já que não fui a autora do "excelente" texto acima, vou repetir o que vc disse- risos:

    1.Como eu não gosto de ver nenhum grande cair e sempre torço para quem mereceu alçar vôos altos por talento e dedicação, como essa Espanha, que nos encantou e refez conceitos e análises, resgatando o futebol arte, de toque de bola, ao cenário atual, eu me recuso comemorar.

    2. Por tudo isso, eu lamento o fim dessa geração única. E confirmo toda minha admiração e agradecimento a Xavi, Iniesta &Cia por todo bem que fizeram e fazem ao futebol e por serem grandes.

    3.Até quando caíram, caíram de pé. Leais. Sem nenhuma agressão a adversário algum. Nenhuma reclamação. Nenhum descontrole. Nada. Somente o abatimento de não conseguir achar seu melhor, admitindo a derrota.

    4. A Copa do Brasil fica pobre sem esses grandes desportistas, grandes jogadores. E o futebol espera que os novos reis sejam tão dignos e talentosos como os espanhóis foram. Levantem a cabeça, rapazes. E obrigada.

    Perfeito, querida!

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  5. PERFEITO!!!

    Obrigada, Crys Bruno pela avaliação perfeita. E... "Gracias, España!!!

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